Pelo horizonte de areias,
reclina-se a voz do canto.
A moça diz muito longe:
"Eu sou a rosa do campo..."
O beduíno para e escuta,
vestido de pensamento,
sozinho entre as margens de ouro
do ar e do deserto imenso.
"Eu sou a rosa do campo..."
E olhando para as ovelhas
sente o chão verde e macio
e flores pelas areias.
"Eu sou a rosa do campo..."
Mas tudo o que ouve e está vendo,
é poeira, apenas, que voa:
o vento da voz ao vento.
Cecília Meireles
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