segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Silêncio de um amor
























O frio se fazia intenso, e o vento
era como uma cortina de gelo
se contorcendo, congelando ainda mais o seu corpo
que clamava pelo calor do corpo dele.

A noite caminhava, pelas longínquas estrelas do céu,
indiferente aos olhos que as fitavam.
Ela mais do que nunca, sentiu a solidão que a esmagava,
E o frio que vinha de sua alma, era cortante,
a deixava entorpecida.

Agora sabia que o amor quando se vai
deixa um vazio que nada preenche.
Chamou por ele, não houve resposta.
Nunca mais o teria. E ela chorou, deixou-se doer,
desfez-se em versos tristes, e virou poesia.

Maria Bonfá
31/12/12


sábado, 29 de dezembro de 2012

Lembranças



















Remexendo
em meus guardados
Encontrei lembranças
de nós dois
Memorias de um passado
intensamente vividos

Senti que por um instante
Minha alma saiu de mim
Tamanho o vazio que senti
Estou sem voce!...

São tantas recordações!...
Tantos sonhos
que não se realizaram
Em qual caminho nos perdemos?
Onde nos desencontramos?

A saudade é imensa
do amor que vivemos
e do que poderiamos ter vivido...

Ah! Meu amor!...
Eu queria ter
bebido a vida contigo
até me embriagar..
Ter me perdido no seu amor
e o caminho de volta
não encontrar.

Voce meu cantinho
de ternura de acalanto
Meu beija-flor da minha flor
Amor meu que perdi pelo caminho
Maktub...

Maria Bonfá

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Complexidade



































Não deveria estar triste,
mas de fato estou.
Queria não ter ansiedade,
mas estou ansiosa.

Desprezo a autopiedade,
Mas sinto-me fraca para abandoná-la.
Quero mover-me rapidamente,
mas meus passos estão inertes.

Tinha o ideal de muito construir,
e a realidade só fez destruir.
Almejei tantas coisas,
que se esvaíram ao vento.

Revolto-me contra a indiferença
que eu sinto ao meu redor
Uma chuva suave está caindo
Mas meu coração quer tempestade

Rejeito o mundo externo
E mergulho na minha intimidade.
Um jogo de realidade e ilusão,
A verdade lutando com a mentira.

E quem pode dizer
o que é certo ou errado?
e nessa confusão de meus pensamentos,
sinto-me extenuada.
Por saber que somos medidos
pelo que temos, não por quem somos.
Essa é a moral do mundo.


Maria Bonfá

domingo, 16 de dezembro de 2012

Essa tua boca


































Essa tua boca gostosa
Que se faz de dengosa
E que eu amo beijar,
Boca que me chama
Sem nada dizer...

Quando tu me olhas com
Esse olhar sedutor
Abalando tudo em mim
Espero, desejo,
Quero sua boca em mim...

Beija-me primeiro com o olhar
Já me deixando a sua mercê
Sem defesas, sem reservas
Deixo-me beijar...

Quando sua língua toca a minha
Já não consigo mais pensar.
Arrepios que sobem e me
Fazem querer mais
Ah! Que boca gostosa de beijar,
De morder, de sentir de amar!...

Maria Bonfá

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Saudade















É dificil para mim entender
tua ausência.
Sinto um vazio no peito
Uma dor que me corroi.

Pensamentos desordenados
Sempre um eterno perguntar
Porque?

Tenho tanto amor dentro de mim
Amor por ti!
Amor pelo nosso amor!...

É um amor infinito
Brota pelos meus poros
Exala por todo meu ser
Não me deixe assim tão só!...
Tudo fica tão sem graça e sem cor

Eu me acostumei a ver a vida
Pelos olhos teus
Falta Você aqui.
Falta você em mim
Falta tudo enfim...

Maria Bonfá

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Indiferença























Sei que um dia serei para ti
Apenas uma vaga lembrança.
Nunca saberás ou entenderás
A dimensão do meu amor.

Dei-me inteira a ti
Nunca percebestes minhas lagrimas
Escondidas em meu sorriso
Quando eu te fitava com amor

Nunca sentiu meu coração
Que pulsava louco de paixão
E chorava de dor
Diante de tua indiferença

Talvez um dia sintas saudade
Talvez!....

Maria Bonfá



















domingo, 9 de dezembro de 2012

Lembranças


















Da janela do seu quarto ela gosta de olhar a vida.


Pouca coisa consegue ver da altura em que se encontra.

Avista uma selva de pedra, prédios que avançam ávidos para o céu,

parecendo que ainda não descobriram onde parar.

Na avenida que nunca dorme, carros e caminhões apressados,

cortado as vezes pelo som de uma ambulância,

rasgando tudo com seu grito angustiante.

Vida que tem pressa, mas pressa para que?

Um mundo de pressa para ir e para vir. .todos agitados, nervosos.

Olha para um quarto que não é o seu.

Sente-se uma hospede que ainda não se instalou.

Lembra com saudade de sua cidade no interior,

lá a vida passa devagar, num marasmo as vezes irritante.

Todos se conhecem, ninguém tem pressa.

Sempre há tempo para o sorvete tão gostoso lá da esquina,

o cheiro do pão quentinho logo pela manhã.


Amava sua casa, lembra dos detalhes de cada objeto com carinho.

Tivera que se desfazer de tudo, tantas lembranças,

tantas histórias deixadas para traz ..

e sua companheirínha?

- Uma fox que era sua paixão, também se fora,

deixara um vazio enorme em seu coração.

Lembrou-se "Dele", um sorriso de ternura deu vida a seu rosto.

Fora tão louca, tão insensata

O conhecera de uma maneira inesperada:

- Num sábado a tarde saiu para fazer compras, estava cansada,

supermercado cheio, um calor insuportável,

detestava fazer as compras do mês.

Aquele barulho, a agitação a deixavam cansada e com dor de cabeça.

Depois de uma fila interminável no caixa,

lembrou-se que esquecera de comprar um queijo.

- Que droga pensara!

Voltou novamente para a fila, e viu que um homem a olhava .

Ficou em duvida se era para ela mesmo.

Olhou dos lados e teve a confirmação.

Sorriu de volta toda ruborizada.

Mas gostou da sensação de estar sendo admirada,

ou talvez até desejada.

Quando saiu dali, ele a seguiu de carro, conversaram e descobriram

tantas coisas em comum!

Trocaram telefone, ela saiu dali com o coração aos pulos,

sentia-se novamente uma menina,

nem se lembrava mais dessa sensação de estar sendo desejada.

Esperou com ansiedade pelo telefonema.

Quando o primeiro telefonema aconteceu,

sentiu uma alegria que mal disfarçava.

Começaram a se falar todos os dias por telefone,

passou a viver esperando por aqueles momentos,

um falar sussurrado.

As mãos trêmulas, coração disparado.

Seus olhos agora brilhavam, sorria sempre,

sentia-se feliz como nunca imaginava ser possível

Às vezes sentia medo de tanta felicidade.

Mas logo esquecia e sonhava.

Apaixonou-se de uma forma louca e devastadora.

Ah! E o primeiro encontro!

Os dois ficaram tímidos, quase sem saber como agir.

E veio o primeiro beijo, foi como se tivesse sido atingida

por uma descarga elétrica.

Fazia tanto tempo que não sentia o prazer de um beijo,

a delicia do toque das mãos dele traçando caminhos pelo seu corpo.

Queria mais e mais.

Quando ele adormecia, ela ficava a olhar seu rosto, seu corpo,

memorizava os detalhes,

cada traço, cada marquinha.

Amava aquela boca que a fazia sentir tocando o céu.

Sentia um prazer indescritível em seus braços.

Não conseguia pensar em mais nada.

Sua vida era ele.

Era só uma aventura para ele, nada mais, sabia disso.

Ela não.

O amava verdadeiramente, amava cada gesto, cada sorriso,

o seu cheiro, seu gosto, seu toque!

Quando foi que ele começou a mudar?

Não percebeu logo.

Ele começou a ficar distante, se ausentando aos poucos até dizer-lhe

que estava tudo acabado.

-Como viver sem ele?

Desesperou-se.

Não conseguia imaginar a vida sem ele.

Quase morreu de dor.

Uma despedida sofrida, uma dor lancinante a machucava.

Implorou para não deixá-la.

Humilhou-se, mas ele foi irredutível.

Sentiu que naquele dia uma parte dela morrera

e dera lugar a uma outra pessoa,

uma mulher apagada e triste. . .

Agora nessa nova vida, distante de tudo, longe do seu amor,

pensa que nunca mais sorrirá como antes.

Ninguém vive pela metade (Mas ela já era só uma metade fazia tanto tempo!)

Ainda liga para ele, só para ouvir sua voz e desliga sem dizer nada.

Hoje seu riso é só um leve sorriso que nunca aquece seu coração.

Seu olhar é triste, sem vida.

Se pudesse voltar atrás faria tudo de novo.

Queria voltar a sentir aquela alegria, aquele amor que foi vida, alegria.

Mas como tudo na vida passa o amor dele também passou.

Mas valeu a pena.

É melhor sentir saudade do que nunca ter amado



Maria Bonfá





















sábado, 8 de dezembro de 2012

Os cinco sentidos



































O amor não conhece regras
Use todos os sentidos
Para vivê-lo de forma plena

Toque... com volúpia
Delicíe-se... com o olhar
Ouça... cada sussurrar
Aspire... o cheiro do amor
Saboreie... cada detalhe

Deguste com prazer
Diversidade?
Lingua não tem sexo
Entregue-se!
Ame e deixe-se amar.

Maria Bonfá

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Nova vida



































Ela acordou de um sono inquieto, não se mexeu e nem abriu os olhos,

continuou imóvel, seus pensamentos anunciavam tempestade.

Descobriu que seu amor (aquele amor que supunha eterno) tinha outra.

Jamais imaginara sentir tamanha dor.

A decepção, a magoa e desapontamento, a feriam qual uma faca afiada,

rasgando devagarzinho seu coração.

Como não percebera?

Estivera sempre tão envolvida com o trabalho, sua casa, a rotina diária,

dedicando-se para que tudo fosse perfeito (como se enganara!)


Desde quando ele não a amava mais?

Começou a lembrar-se de fatos, ocasiões que antes não faziam sentido e agora

estava tudo tão claro!

Ele se afastara aos poucos.

Sempre o amara.

Era seu primeiro e único amor.

Nunca havia passado essa possibilidade em sua cabeça.

Acreditava na fidelidade e no amor eterno, se sentia assim em relação a ele.

Pensou em sair da cama, mas, qualquer movimento era demais para ela,

estava exaurida - sem forças.

A dor a matara por dentro.

Como viveria agora?

Sem sua presença, sem seu amor?

Isso a deixava mais vazia.

Não tinha forças para viver normalmente.

Com esforço tentou se recompor, levantou tomou um banho e foi para a cozinha.

Tomou um café e ficou ali olhando sem nada ver e sem conseguir pensar direito.

Lá fora o vento entoava uma canção avassaladora que lhe falava de trevas

e de um mundo incompreensível para ela.

Uma canção sem luz.

Talvez a sua alma estivesse sendo arrastada para as profundezas da terra e chamava por ela.

Invadiu-a uma enorme saudade de quando ele a abraçava e a acarinhava.

Antes era assim, sentia-se amada, querida e desejada.

Agora tudo tinha mudado.

Nunca mais haveria as noites de amor, as risadas as brincadeiras.

Nunca mais as surpresas fora de hora.

Toda alegria se fora.

O vento continuava a cantar a sua canção, ela ficou atenta as suas palavras.

Palavras estranhas e envolventes, cantada numa língua antiga,

uma língua mágica e hipnótica.


A porta da rua abriu e ele entrou. (Agora um estranho que invadia sua vida )

Nem se deu ao trabalho de se desculpar, pela noite passada fora.

(Não importava).

Ela continuou imóvel no mesmo lugar.

Caminhou até a janela, ficou ouvindo o vento, tentando entender a sua mensagem.

Não conseguia.
Olhou para os lados, para cada objeto que com tanto carinho compraram,

cada um tinha uma história.

Um sorriso repuxou seus lábios ao se lembrar.



Tudo havia ficado lá longe, distante, como a canção do vento.

Necessário seria tomar uma atitude.

A canção agora era outra:

- Falava de recomeço de vida de um novo amor e de Liberdade!

Soltar as amarras e voar, colorir a tela da sua vida.

Há muito que essa tela não recebia as pinceladas vivas da primavera.

Sim, lembrou-se era Primavera, hora de renascer, assim como a fénix,

como diziam os poetas.


Uma borboleta entrou pela janela e pousou em seus cabelos, era o chamado da vida:

- Venha viver!


Como encantada acompanhou o vôo da borboleta e sorriu.


Nunca mais, nunca mais o teria, ele também fez seu vôo borboleta.

Fitou tudo com emoção, mas ali só residia o passado.


Foi até a janela, olhou para trás, talvez numa despedida.

Permitiu que aquela última lágrima rolasse em sua face.


Deixou sobre a mesa a carta – a sua carta de alforria, abriu a porta e partiu.

Lá fora o céu estava lindo e o sol aquecia sua alma com a promessa de Liberdade e de Felicidade.

E o vento que soprava suave lhe dizia:

- Vá viver e ser Feliz!



_Maria Bonfá & Maria Flor_

Olhos verdes

















Quando nos esbarramos
Teus olhos foi o que mais
Chamou-me a atenção...
Por mais que eu tentasse
Não conseguia desviar
O meu olhar do seu olhar.

Olhos verdes, lindos
Intensos Sedutores,
Deixaram-me sem ação
Senti que todos os meus sentidos
Ficaram aflorados
A espera de um gesto seu...

E um sorriso atrevido brotou de seus lábios
Sabia como eu me sentia.
Eu era toda desejo e paixão
Havia mergulhado nos seus olhos
E deles não queria mais sair...

Forcei-me a voltar à realidade
Virei às costas e saí.
Ficou para trás, aquele momento
Aquela ilusão. Aqueles olhos verdes
Que por um instante,
Deixou-me com o coração na mão!...

Maria Bonfá

domingo, 2 de dezembro de 2012

Palavras





















Eu queria dizer-te
tantas palavras!...
palavras de amor

Mas palavras são apenas
palavras...
Elas vão e vêem ao sabor
da maré...

Eu queria dizer-te
tantas coisas
saídas do meu coração
palavras doidas!
palavras sem nexo!
Talvez...

Mas eu queria contar-te...
se você me escutasse
e os ventos ajudassem
O quanto estou louca
por ti...


Maria Bonfá